O tenista francês Richard Gasquet encerrou sua carreira profissional em grande estilo, nas quadras de saibro de Roland Garros. Aos 38 anos, Gasquet se despediu após ser derrotado pelo número um do mundo, Jannik Sinner, por 6-3, 6-0, 6-4.
Roland Garros foi o palco ideal para a despedida de Gasquet, um jogador que marcou uma geração com seu talento e, em especial, com seu reverenciado backhand. Sua trajetória, que começou há quase 30 anos, deixa um legado de elegância e paixão pelo tênis.

Ainda em 2023, o site Tennis.com elegeu o backhand de Gasquet como o quinto melhor da era Open, descrevendo-o como possivelmente “o backhand de uma mão mais esteticamente agradável” do período, ficando atrás apenas de Stan Wawrinka, Ken Rosewall, Justine Henin e Roger Federer.
A comparação com Mozart, feita pelo então presidente da Federação Francesa de Tênis, Lionel Faujare, quando Gasquet tinha apenas 15 anos, já indicava o talento precoce do tenista. “Quando eu parar, mesmo depois de 10 anos, ainda serei capaz de acertar backhands”, disse Gasquet em abril.
A fama de Gasquet começou cedo, aos nove anos, quando estampou a capa da revista Tennis Magazine com a manchete: “Richard G. Nove anos. O campeão que a França espera?”.
Apesar do enorme talento, Gasquet nunca chegou a vencer um Grand Slam. Ele venceu Rafael Nadal no torneio júnior Les Petits As quando tinha 12 anos, mas como profissional perdeu todos os 18 confrontos contra o espanhol. Seu retrospecto contra Roger Federer foi de 2-19 e contra Novak Djokovic, 1-13.
Entre seus principais títulos, destacam-se os títulos de simples no Roland Garros e US Open na categoria júnior, além do título de duplas mistas em Roland Garros em 2004, ao lado de Tatiana Golovin, quando tinha apenas 17 anos.
Gasquet alcançou três semifinais de Grand Slam, incluindo duas em Wimbledon, e conquistou 16 títulos ATP. Ele também foi campeão da Copa Davis em 2017 com a França e medalhista de bronze nas duplas nos Jogos Olímpicos de Londres 2012.
Em março de 2009, Gasquet testou positivo para cocaína e foi suspenso por um ano, mas foi posteriormente absolvido após alegar que foi contaminado sem saber ao beijar uma mulher, conhecida como Pamela, em uma boate de Miami.
O francês chegou a ocupar o sétimo lugar no ranking mundial e igualou um recorde de Federer ao vencer partidas em 24 temporadas consecutivas no nível ATP.
Franck Ramella, biógrafo de Gasquet e escritor de tênis do L’Equipe, comentou sobre a carreira do tenista: “Acho que ele está feliz com sua carreira. Porque ele nunca quis ou afirmou ser o campeão definitivo. Ele nunca se reconheceu no que os outros esperavam dele. O que foi complicado para ele foram as expectativas. Tínhamos muita esperança. Estamos esperando por um campeão masculino desde Yannick Noah [em 1983] em Roland Garros, então há uma espécie de síndrome de fracasso [no tênis francês]. Então, assim que alguém pode vencer, colocamos muita intensidade nisso, muita crença. A França realmente acreditou nele. Toda vez que ele perdia ou não chegava à final, havia decepção, mas ele era incrivelmente bom.”