Manchester United e Tottenham Hotspur se enfrentam em Bilbao em uma final da Liga Europa que vale mais do que o troféu: uma vaga na próxima Liga dos Campeões e um aumento estimado de 100 milhões de libras em receita.
Enquanto na Premier League ambos os times ocupam posições preocupantes, a final surge como uma chance de redenção. Para o Tottenham, representa a oportunidade de conquistar seu primeiro título desde a Copa da Liga de 2008. Já o Manchester United busca seu primeiro troféu europeu desde a Liga Europa de 2017.
Abordagens distintas na preparação
Os treinadores Ange Postecoglou (Tottenham) e Ruben Amorim (Manchester United) adotaram estratégias diferentes na preparação para a final. Postecoglou optou por escalar um time completamente diferente no jogo anterior à final contra o Aston Villa, poupando jogadores importantes como Micky van de Ven e Cristian Romero. Amorim, por outro lado, escalou um time forte, indicando que a prioridade era dar ritmo de jogo aos titulares.
“Não entendo por que eles estão tomados pelo medo, ambos os treinadores vão querer entrar na final da copa com embalo”, disse o ex-atacante do Celtic, Chris Sutton. “É justamente aquele medo de seleção onde Postecoglou não vai escalar Cristian Romero e Micky van de Ven – mas será que eles estarão despreparados?”
“Não sei o contexto do Tottenham. O que sei é que no último jogo contra o Bilbao, tínhamos aquele jogo e depois descansamos alguns jogadores porque estávamos com medo de algumas lesões”, disse Amorim. “Então tivemos uma semana inteira para nos prepararmos para o jogo e senti que, com cinco dias para a final, o melhor a se fazer para se preparar para a final era dar tempo aos jogadores – a melhor maneira de preparar algo é competir.”
O Tottenham realizou um churrasco de equipe em seu centro de treinamento antes de viajar para Bilbao, buscando fortalecer os laços entre os jogadores. “Foi muito importante estarmos juntos, conversando sobre a vida”, disse o capitão Son Heung-min. “Parece que estamos ficando ainda mais próximos.” O United, por sua vez, optou por não realizar o treino final no estádio San Mamés, priorizando a segurança e a familiaridade de seu próprio centro de treinamento.
A pressão da decisão
Capitães de ambas as equipes reconhecem a importância da partida. “Como jogadores, nós apenas pensamos no que temos pela frente, e o que temos pela frente é a chance de colocar as mãos em um troféu”, explicou Bruno Fernandes, do Manchester United.
Gary Pallister, membro da equipe do United que venceu a final da FA Cup de 1990, lembra da influência do capitão Bryan Robson em momentos decisivos: “Quando Robbo estava lá, éramos um time diferente”, disse Pallister. “Ele estava machucado com tanta frequência naquela temporada. Mas quando ele jogava, você quase podia sentir no vestiário ‘Robbo está aqui, tudo ficará bem. Ele vai resolver’.”
Lilian Thuram, campeão mundial com a França em 1998, também ressaltou a importância de manter o foco na partida: “Havia muitos jogadores de alto nível que tinham jogado muitas finais, sabíamos que se você quisesse vencer, você precisava bloquear o barulho e o drama ao redor e se preparar para a partida que estava por vir”, acrescentou Thuram.
O que está em jogo?
Para ambos os clubes, a vitória representa um divisor de águas. “Não consigo pensar em uma nas últimas temporadas onde os extremos são tão polar opostos”, disse Sutton. “Isso realmente aumenta a ocasião e a pressão. Não consigo me lembrar de um jogo que foi tão altamente pressionado para ambas as equipes.”
O troféu pode impulsionar uma nova era de conquistas, como aconteceu com o Manchester United após a FA Cup de 1990, ou unir um país, como a vitória da França na Copa do Mundo de 1998. Para Tottenham ou Manchester United, uma porta para criar seu próprio legado está prestes a se abrir.
