Hamilton e Adami: falta de sintonia na estreia do heptacampeão pela Ferrari
Lewis Hamilton, em sua estreia na Ferrari, terminou o Grande Prêmio da Austrália em décima posição, um resultado abaixo das expectativas geradas. Além do desempenho modesto, a corrida expôs a falta de entrosamento entre o heptacampeão e seu novo engenheiro de corrida, Riccardo Adami. A prova, marcada por chuva intermitente e safety cars, exigiu uma estratégia precisa, onde a comunicação entre piloto e equipe se tornou crucial.
Comunicação problemática
As tensões entre Hamilton e Adami se manifestaram em diversos momentos da corrida. Na volta 4, durante um período de safety car, Adami instruiu Hamilton a selecionar o modo X na relargada e manter o ‘charge mode’ ativo. Hamilton concordou, mas pediu ao engenheiro: “Só não repita tudo, por favor.” Adami respondeu: “Entendido.”
Similarmente, na volta 13, enquanto Hamilton tentava se aproximar de Pierre Gasly, Adami sugeriu o uso do ‘K1’. Hamilton respondeu: “Deixa isso comigo, por favor.” A insistência de Adami, repetindo a sugestão do K1, levou a uma nova reclamação por parte do piloto. Na volta 25, a irritação de Hamilton se tornou mais evidente ao pedir explicitamente, e com mais firmeza: “Por favor, me deixa. Sim, me deixa”, após Adami sugerir um ajuste no uso do DRS.
Estratégia questionada
Outra situação tensa ocorreu após a batida de Fernando Alonso e o retorno de fortes chuvas, entre as voltas 36 e 44. A Ferrari teve a chance de ajustar a estratégia, mas Hamilton só foi chamado aos boxes na volta 48, três voltas depois do líder, Lando Norris, e Max Verstappen. Hamilton expressou sua frustração a Adami: “Você tinha dito que não choveria tanto. Perdemos uma grande oportunidade aqui…”. Adami explicou: “Nós tentamos, mas a informação que eu tive foi de que seria uma chuva curta, bem rápida. Se o resto da pista estava seca, eu poderia manter (o carro) na pista se aquilo (a chuva fraca) fosse tudo que estava por vir. Mas choveu mais.”
Avaliação pós-corrida
Após a corrida, Adami elogiou Hamilton, mas reconheceu erros estratégicos que afetaram o resultado final. Hamilton declarou: “não foi um grande dia, mas pelo menos não saímos totalmente de mãos vazias. Vamos seguir trabalhando”. Em entrevista coletiva, Hamilton descreveu seu fim de semana como “muito pior do que eu pensava que seria”, afirmando que o carro foi “muito difícil de dirigir” e agradecendo por ter conseguido “manter o carro longe do muro”.
Hamilton correu por 12 anos na Mercedes ao lado do engenheiro Peter Bonnington. Apesar da boa relação, já houveram momentos tensos entre os dois.
