A obrigatoriedade de duas trocas de pneus no Grande Prêmio de Mônaco de Fórmula 1 deste ano gerou intensos debates e se tornou o principal tema de discussão da corrida. Mas, afinal, a medida funcionou?
A regra, que forçou cada piloto a realizar duas trocas de pneus, ou seja, dois pit stops, estreou no GP de Mônaco, vencido por Lando Norris, da McLaren.
Filip Cleeren argumenta que os dois pit stops evitaram que a corrida se tornasse monótona, mas questiona se isso realmente se traduziu em competição real:
“Estou bastante em conflito sobre a intervenção da FIA em Mônaco. Por um lado, esta corrida definitivamente precisava de algo. E, tendo estado nas funções de relatório de corrida, eu absolutamente apreciei ter várias permutações para pensar, em vez de ficar sentado durante uma procissão maçante até o final. Tenho que admitir que não fiquei entediado por um único segundo, e as equipes que acertaram sua estratégia, como a Racing Bulls, foram recompensadas.”
Cleeren reconhece que a exigência dos três jogos de pneus causou estratégias estranhas, evidenciando que Mônaco, apesar de ser um desafio de qualificação brilhante, *não funciona tão bem como pista de corrida*. “Atrapalhar as pessoas a uma taxa de quatro segundos por volta provocou alguns jogos de xadrez intrigantes. Mas não teve muito a ver com corrida de automóveis, teve?”, questiona.

Ronald Vording acredita que a nova regra recompensou as equipes que foram mais inteligentes na estratégia. Ele pondera que, embora não tenha transformado o GP de Mônaco em um clássico moderno, *evitou a repetição do marasmo do ano anterior*. “O GP de Mônaco deste ano proporcionou pelo menos um pouco mais de emoção, tanto antes quanto durante a corrida”, afirma.
Vording destaca que a nova regra foi amplamente discutida no paddock, gerando incerteza e até nervosismo entre as equipes. A palavra ‘loteria’ foi frequentemente utilizada, mas ele ressalta que o sucesso dependeu mais da inteligência das equipes do que da sorte. “A Racing Bulls foi a primeira a entender este jogo, com Liam Lawson diminuindo a velocidade para criar uma lacuna para o companheiro de equipe Isack Hadjar. A Williams seguiu e aumentou a aposta, trocando posições para beneficiar ambos os carros. Concordo, dirigir deliberadamente devagar pode não ser muito esportivo ou o que a F1 deveria ser, mas favoreceu os espertos”, completa.
Ele aponta ainda que a Mercedes foi punida por não tentar nada diferente. Vording conclui que, apesar de ser uma solução artificial, *é melhor do que assistir a uma corrida sem emoção*. “O verdadeiro problema é que os carros modernos de F1 são grandes demais para Mônaco, mas isso não foi tão ruim como uma solução temporária”, finaliza.
Jake Boxall-Legge considera que a nova regra foi válida, mas que as equipes irão dominá-la, *tornando inviável sua repetição*. “Sinceramente, não odiei o Grande Prêmio de Mônaco deste ano. Na frente do pelotão, a necessidade de fazer uma segunda parada criou duas abordagens drasticamente diferentes. Verstappen e Red Bull decidiram se manter na frente e esperar pela intervenção divina de uma bandeira vermelha para realizar a troca final de pneus, enquanto Norris e Leclerc seguiram com estratégias ‘normais’, esperando por nenhuma interrupção. O último funcionou, mas, dada a propensão de Mônaco para gerar erros, a estratégia de Verstappen não era desprovida de mérito”, analisa.
Boxall-Legge acredita que a estratégia de alongar os stints no meio do pelotão frustrou as chances de quem tentou parar mais cedo. Ele conclui que, embora tenha sido um GP de Mônaco diferente, não gostaria de vê-lo repetido com a mesma regra, pois as equipes já entenderam a estratégia. “Os parâmetros, portanto, precisariam mudar se você está mantendo os dois pit stops, mas então você entra no terreno de tornar a corrida muito prescritiva; você pode muito bem tirar números de uma tigela se quiser aleatoriedade”, completa.
Ben Vinel considera a nova regra um sucesso, pois proporcionou variedade estratégica e incerteza, mesmo que não tenha mudado drasticamente o panorama da corrida para os líderes. Ele destaca a exploração das regras por equipes como Racing Bulls e Williams, com um piloto diminuindo a velocidade para permitir um pit stop ‘grátis’ para o outro. Vinel ressalta que essas táticas podem ser debatidas do ponto de vista esportivo, mas que a F1 é um jogo de equipe. Ele também observa que a nova regra resultou em tempos de volta mais rápidos.
Owen Bellwood discorda, argumentando que a nova regra não gerou o caos esperado e que as equipes usaram táticas sujas para criar espaços seguros para os pit stops. “Novas regras introduzidas antes da corrida de 2025 exigiram duas paradas para todos os pilotos, e o resultado não foi uma corrida cheia de estratégias misturadas e ultrapassagens nos boxes. Em vez disso, parecia que não se passava uma volta sem que um carro passasse pelos boxes, e truques sujos eram realizados na pista enquanto as equipes usavam seus pilotos para recuar o pelotão e criar espaços seguros para os pit stops”, critica.
Bellwood conclui que, embora a nova regra tenha resultado em mais pit stops, não transformou a corrida no evento imperdível que sempre se espera.