Após intensos debates e críticas de pilotos e comissários, a Federação Internacional do Automobilismo (FIA) anunciou uma revisão nas regras que restringiam o uso de palavrões na Fórmula 1 e em outras categorias sob sua jurisdição. A decisão ocorre cinco meses após a implementação de medidas mais rigorosas, que incluíram punições a pilotos como Max Verstappen e Adrien Fourmaux.
A principal alteração se concentra na distinção entre o uso de linguagem considerada inadequada em ambientes “controlados” (entrevistas e coletivas de imprensa) e “fora de controle” (comunicações via rádio durante sessões, corridas e classificações). A FIA ressalta que as circunstâncias atenuantes serão levadas em consideração, mas reitera a intolerância a comentários discriminatórios ou racistas.
O presidente da FIA, Mohammed ben Sulayem, manifestou-se nas redes sociais sobre a mudança de postura, revelando ter repensado as regras após conversas com pilotos.
“Como ex-piloto de rali, conheço em primeira mão a gama de emoções que são enfrentadas durante a competição. Os aperfeiçoamentos que a FIA anunciou hoje para o Apêndice B garantirão que continuemos a promover o melhor do espírito esportivo no esporte a motor, ao mesmo tempo em que darão aos comissários de pista diretrizes eficazes para agir contra indivíduos que possam levar o esporte ao descrédito”, declarou Sulayem.

O Apêndice B do Código Internacional do Esporte define as punições para comportamentos inadequados, incluindo o uso de palavras que causem “injúria moral” a membros, funcionários e valores da FIA, má conduta, protestos políticos, religiosos ou pessoais, e o não cumprimento de instruções durante cerimônias oficiais. As sanções originais incluíam multas de até 15 mil euros (aproximadamente R$ 96 mil), pedidos públicos de desculpas e, em caso de reincidência, multas de até 45 mil euros (cerca de R$ 289 mil) e dedução de pontos no campeonato. A base máxima das multas foi reduzida em até 50%, com a possibilidade de descontos maiores dependendo do caso. Comissários também poderão suspender punições, se necessário.
Comportamentos abusivos contra oficiais da FIA e entidades relacionadas passarão a ser punidos com sanções esportivas, em vez de multas.
Em abril, a gestão de Ben Sulayem foi questionada pelo ex-vice-diretor esportivo Robert Reid, que pediu sua demissão alegando falta de transparência na entidade.
A discussão sobre a conduta dos pilotos e o uso de palavrões ganhou força no final da última temporada da F1, quando Ben Sulayem reforçou que a FIA coibiria tais atos. Max Verstappen chegou a ser punido com serviço comunitário por usar linguagem inadequada em uma coletiva de imprensa no GP de Singapura.
No Mundial de Rali (WRC), Adrien Fourmaux foi multado em 10 mil euros por xingar em uma entrevista após o Rally Sweden. Em solidariedade, outros pilotos protestaram e fizeram um voto de silêncio em entrevistas coletivas.
A FIA também reduziu a multa base para infrações de má conduta de €10.000 para €5.000. A entidade declarou que os comissários podem suspender as penalidades para infratores de primeira viagem e esclarece quais sessões estão sujeitas a medidas punitivas.
Garry Connelly, presidente dos comissários da F1, afirmou estar satisfeito com o progresso das regras e que os comissários continuarão a manter sua discrição ao julgar incidentes futuros.