Visivelmente emocionado, Carlo Ancelotti expressou a forte emoção que sentirá em sua despedida do Real Madrid no estádio Santiago Bernabéu. O técnico italiano, que se prepara para deixar o clube, enfatizou o quão especial será dizer adeus ao madridismo ao lado de Luka Modric, a quem descreveu como uma lenda e um apoio fundamental em sua trajetória.
“Tenho essa genética de me emocionar muito rápido, como meu avô e meu pai. Amanhã será muito emocionante e não tenho nenhum problema em chorar, não me escondo. Vai ser um dia bonito, compartilho com Luka, que tem sido um apoio espetacular nesta etapa no Real Madrid, um jogador fantástico, uma lenda. Despedir-me com ele me parece bonito”, confessou Ancelotti em entrevista coletiva.
Apesar da iminente despedida, Ancelotti assegurou não estar triste, reconhecendo que esse momento chegaria eventualmente. Ele destacou o sucesso de sua passagem pelo Real Madrid, onde conquistou diversos títulos importantes. “É inevitável que sejam dias especiais. É o último dia aqui e o último jogo amanhã. Sempre que se acaba uma trajetória, há muita emoção, é o que está me acontecendo nestes dias. Não estou triste para nada, estou muito contente. Acaba uma etapa muito importante da minha trajetória. Tentei fazer tudo o que podia por este clube. Conseguimos e vamos felizes. Antes ou depois, este dia tinha que chegar e vou agradecido a todos que trabalharam comigo neste tempo”, disse.
Carletto também expressou sua gratidão pelo carinho e apoio recebidos durante seu tempo no clube. “Passei muito bem, com muito carinho, muita ajuda, com a oportunidade de treinar jogadores espetaculares. Tudo saiu bem. Sei que acaba este período que foi bastante longo e em que tudo saiu bem”, continuou.
Feliz por ter sido protagonista de um período de sucesso no Real Madrid, Ancelotti manteve a elegância ao se despedir, sem críticas à diretoria, mesmo em uma temporada marcada por lesões e ausência de reforços. “Acaba este período, que foi bastante longo, e acaba bem, em total acordo com o clube. Nunca tive discussão com meu presidente (Florentino Pérez) e nunca ia ter no último dia”, afirmou.
Questionado sobre um possível retorno ao Real Madrid em outra função, Ancelotti não descartou a possibilidade, mas ressaltou seu compromisso imediato com a seleção brasileira. “Minha relação com o Real Madrid vai ser para sempre. Muitas vezes disse que não tenho vontade de treinar outro clube depois, mas o futuro não sei o que vai acontecer. Quero fazer bem o imediato com a seleção brasileira”, explicou.
Com o jogo contra a Real Sociedad em segundo plano, Ancelotti valorizou o que espera de seu último dia como treinador do Real Madrid no Bernabéu, estádio onde sempre sentiu o respeito da torcida. “Vai ser como tem que ser, uma despedida muito bonita. São dias de emoções, de falar com jogadores que trabalharam contigo todo este tempo. Tive muito boa relação com todos. Fomos capazes de criar um bom ambiente de trabalho graças ao esforço de cada um que trabalha aqui”, assegurou, lembrando-se até dos cozinheiros e do pessoal da limpeza: “Lembro-me de todos. São dias especiais”.
Orgulhoso de ter entrado para a história do Real Madrid como um dos técnicos mais vitoriosos, Ancelotti destacou o carinho que sente pelo clube. “Era o objetivo inicial em 2013, ganhar títulos, e fui capaz de consegui-lo. Não há outra maneira de me despedir senão com o carinho que tenho de coração ao meu clube e que o clube tem por mim”, acrescentou.
Ancelotti expressou o desejo de ser lembrado não apenas como um bom treinador, mas também por seus valores como pessoa. “Meu trabalho pode ser julgado, não há nenhum problema. Não sou um treinador, sou uma pessoa que faz o trabalho de treinador. Pode-se ter uma opinião positiva ou negativa do meu trabalho. Não acontece nada, mas se me perguntarem se sou uma boa ou má pessoa, prefiro que me recordem como boa pessoa”, ponderou.
Questionado sobre um momento inesquecível no Bernabéu, Ancelotti citou as remontadas épicas na Liga dos Campeões. “Na lembrança de todos ficam as remontadas porque foi algo que ainda não se explica. Fico com todos os títulos, as finais ganhas e as noites das remontadas contra o PSG, City e Chelsea. Serão para sempre inesquecíveis”, disse.
Por fim, Ancelotti teceu elogios a Luka Modric e à geração de jogadores que marcaram a história do Real Madrid. “Luka tem sido um exemplo para todos, para um treinador ter jogadores como ele é um luxo. Tem muita qualidade, mas há muitos com muita qualidade no futebol moderno. O que ele tem de diferente é que é capaz de juntar a qualidade com a alma. Isso lhe permitiu uma carreira extraordinária, ganhar muitos títulos e ser uma lenda do Real Madrid”, destacou.
Ancelotti finalizou: “Pode-se pensar em uma geração dourada com Modric como um dos últimos, falta Carvajal, mas o ciclo acaba e o clube tem que construir outro. Há jogadores que levam muito tempo como Camavinga, Rodrygo, Vinícius… começa uma nova era e o madridismo não tem que se preocupar. Este clube pede o máximo. Acaba a carreira de Luka, a minha como acabou a de Kroos, Casemiro, Cristiano, Benzema, Ramos ou Casillas, mas o Real Madrid segue sendo o melhor clube do mundo”, sentenciou.
